Falando de Oração
Sabe qual o som que Deus mais gosta de ouvir?
O som da sua voz! É esse o som que Deus quer ouvir de você em qualquer momento, a qualquer hora, em todas as situações que você passar – boas ou ruins, andando no mar ou no deserto.
Em muitos momentos nós paramos e ficamos esperando encontrar alguma forma de alcançar o Senhor, parece que não estamos conseguindo a atenção do Pai. “Mas o que eu faço para estar ao lado do Senhor? Como atingir o coração de Deus?”. A resposta para essas perguntas é muito simples: Oração. Ou seja, temos que falar com Deus! A nossa voz é o som que Deus mais gosta de ouvir, Ele quer que tenhamos comunhão com Ele em todo tempo assim como era com Adão antes do pecado entrar na vida dele.
Os ouvidos de Deus estão abertos e a melodia entoada em nossas orações está tocando o coração do Pai, mesmo que às vezes isso pareça algo distante de ser percebido por nós.
Cada uma das minhas, das suas, das nossas palavras são como música aos ouvidos do Senhor e Ele se agrada em nos atender. Por meio de Jesus Cristo (só por Ele), nós podemos pedir qualquer coisa ao Pai.
Faça soar nos ouvidos de Deus o som que Ele quer ouvir. Ore. A oração traz intimidade, traz paz, supre as necessidades espirituais e materiais. Existe uma batalha dentro de nós, essa batalha é entre a carne e o espírito. Se alimentarmos a carne ela ganha e conseqüente ocorre a derrota do espírito em nossas vidas. Porém, a verdadeira vida só recebemos por intermédio de Jesus Cristo, devemos alimentar o espírito. E como alimentá-lo? Somente buscando da fonte da vida que é Deus. E como buscar da fonte? Orando!!!
“E tudo o que pedirdes na oração, crendo, recebereis.” Mt 21.22
“Está escrito:A minha casa será chamada casa de oração.” Mt 21.13
“Mas nós perseveraremos na oração.” At 6.4
Portanto, vamos conversar com Deus, pois Ele se agrada em ouvir a nossa voz. Vamos tocar o som que toca o coração do Senhor. Vamos orar sem cessar!!!!
E nunca se esqueça: ORE e verá a glória de Deus!!
A oração, outra coisa não é senão uma união com Deus. Quando se tem o coração puro e unido a Deus, sente-se um bálsamo, uma doçura que inebria, uma luz que encandeia, atrai, seduz. Nesta íntima união, Deus e a alma são como dois pedaços de cera fundidos entre si; jamais se podem separar. É uma coisa muito bela esta união de Deus com a Sua pequena criatura. É uma felicidade que não se pode compreender. Nós não éramos dignos de rezar, mas Deus, na Sua bondade, permitiu que Lhe falássemos. A nossa oração é um incenso que Deus recebe com um extremo, imenso prazer.
Meus filhos, vós tendes um coração pequeno, mas a oração dilata-o e torna-o capaz de amar a Deus. A oração é um ante gozo do Céu, um fluxo do paraíso. Ela nunca nos deixa sem doçura. É um mel que desliza pela alma e tudo dulcifica. Os sofrimentos, as dores derretem-se diante de uma oração bem feita, como a neve diante do sol”.
Considera como o divino Redentor engrandece no Evangelho a eficácia da oração. Em verdade, em verdade vos digo: que tudo o que pedirdes ao Pai em meu nome, Ele vo-lo dará. E não é somente neste lugar, mas em muitos outros, tanto do Antigo como do Novo Testamento, que Deus promete ouvir a quem o roga. Pela boca de Jeremias diz: “Dirigi-te a mim pela orarão, e te atenderei.” (1) Nos Salmos repete: “Chama-me em teu auxílio, e livrar-te-ei.”(2) No Evangelho de São Lucas acrescenta: “Pedi, e dar-se-vos-á ..., porque todo aquele que pede, recebe.”(3) No Evangelho de São João, Jesus diz: “Tudo o que me pedirdes em meu nome, fá-lo-ei.” (3) “Pedi tudo que quiserdes, que logo vos será concedido.” (4) E assim há muitas outras passagens.
Por isso o Profeta nos incita a rezar, afirmando-nos que: "o Senhor é suave e benigno e todo misericórdia para os que o invocam” . E mais ainda anima-nos São Thiago, dizendo: " – “Se alguém de vós necessita de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente”. Diz este Apóstolo que, quando se ora ao Senhor, este abre as mãos e dá mais do que se Lhe pede. – Numa palavra, é tão grande a eficácia da oração, que nos pode obter tudo; porque, como diz São João Clímaco, a oração faz de algum modo violência a Deus, obrigando-o a conceder-nos tudo o que Lhe pedimos.
A razão desta eficácia, segundo a explicação de São Leão, é que Deus por sua natureza é uma bondade infinita, e por isso tem um extremo desejo de nos fazer participar de seus bens, e é maior o desejo de Deus de nos fazer bem, do que o nosso de receber. Deus, portanto, não pode deixar de atender a quem o roga; o que leva Santa Maria Madalena de Pazzi a afirmar que Deus, por assim dizer, contrai obrigações com a alma que a ele recorre, porque lhe fornece o ensejo de dispensar as graças conforme almeja o seu coração
Jesus Cristo se queixou quando, repreendendo docemente a seus discípulos e na pessoa deles a todos nós, acrescenta: “Até agora não pedistes nada em meu nome; pedi e obtereis, afim de que o vosso gozo seja perfeito”: Petite et accipietis, ut gaudium vestrum sit plenum. Como se dissesse: Não vos queixeis de mim, se não tendes sido completamente felizes; queixai-vos antes de vós mesmos, porque não me pedistes graças.
Ó Pai eterno, adoro-Vos, reconheço-Vos por fonte de todo o bem, e graças Vos dou pelos muitos benefícios que me concedestes. Especialmente Vos agradeço a luz pela qual me fizestes conhecer que toda a minha salvação consiste na oração. Quero responder ao vosso convite e Vos peço em nome de Jesus Cristo que me concedais uma grande dor dos meus pecados e a perseverança na vossa graça. “Fazei também, ó meu Deus, que pela vossa inspiração eu conheça o que é reto, e pela vossa graça o execute” (7). Bem sei que não mereço esses favores, mas vosso Filho os prometeu a quem Vo-los pede pelos seus merecimentos, e é pelos merecimentos de Jesus Cristo que Vo-lo peço, e espero obtê-los.

Rezar... como?
Rezar é a aventura mais bela da vida, é deixar-se levar pelas ondas do amor de Deus à praia infinita, onde ninguém pode perturbar nosso silêncio de amor ou nossa liberdade de olhar para o céu e gritar sem medo que Deus é nosso Pai e que o amamos.
Algumas vezes se fala em crise de oração. A oração nunca esteve em crise; quem está em crise são os homens e as mulheres que, oprimidos por tantas coisas: preocupações, trabalhos, olham sempre para a terra e esquecem de elevar os olhos para o céu. “Olhai para o alto e não para as coisas da terra”, ensina o apóstolo. Rezar é a capacidade de levantar os olhos e ver que as coisas da terra são boas na medida em que libertam o nosso coração de tantas mesquinharias e abrem os olhos à luz do amor e da fé.
Uma nova pedagogia da oração
Pode até parecer meio estranho falar de uma nova pedagogia da oração… Será que depois da pedagogia ensinada por Jesus quando os discípulos, extasiados diante da maneira como Ele rezava, pediram-lhe: “Ensina-nos a orar” (cf. Lc 11,1-4)…
Claro que não; sempre devemos voltar a repetir a oração que o Senhor nos ensinou. Mas a maneira de rezar o Pai-nosso pode mudar e muito. Afinal, a vida humana mudou bastante.
Gostaria de colocar em evidência alguns pontos que têm me ajudado a rezar:
1. A Bíblia é uma grande assembléia de homens orantes. Os personagens bíblicos são amigos de Deus e se esforçam para buscá-lo com toda intensidade. O grito que perpassa a Palavra de Deus é sempre o mesmo: “É a tua face que eu procuro, Senhor; mostra-me o teu rosto, a minh’alma tem sede do Deus vivo”… Estes anseios fazem que a oração, ou seja, o diálogo entre Deus e ser humano, caminhe no trilho único da amizade. A amizade com Deus tem todas as características da amizade humana.
2. Em todas as amizades alguém deve tomar a iniciativa. Os dois sentem-se atraídos, mas um diz “eu te amo” e o outro responde “também te amo”. No caso da oração, a iniciativa é sempre de Deus, que é amor; Ele chama e nós respondemos, Ele convida e nós vamos.
3. “Rezar é escutar” (Dt 6,4-7)… Gosto de fazer minha oração em silêncio e… deixar que o Senhor pense por mim. A arte e o desejo de escutar se fazem mais fortes com a idade. Preciso, porém, abrir meu coração para ouvir o Senhor que fala e me envia a fazer alguma coisa: “Obras quer o Senhor,” diria Santa Teresa, minha mãe e mestra.
4. O Frei Camilo Maccise, Superior Geral do Carmelo, tem sempre insistido nos seus livros, que a oração é vida e a vida é oração. São duas realidades inseparáveis. A oração e a vida se fundem, se completam.
Os protagonistas da oração
Não necessitamos de muita perspicácia para compreender que os protagonistas são três: Deus, eu e os outros.
DEUS é primeiro protagonista; é Ele quem toma a iniciativa, que se revela, que nos declara o seu amor e vem ao nosso encontro a cada momento. Deus se manifesta a nós por puro amor. Na sua manifestação Trinitária “Pai, Filho e Espírito Santo”, as Três pessoas entram em comunhão conosco na oração. Ninguém pode rezar sem esta experiência trinitária. Desejo que um dia em nossa vida todos possamos nos sentir – de uma forma única, irrepetível e incomunicável – que somos habitados pela Trindade Santa.
EU! O interlocutor natural de Deus, com quem Ele pode entrar em comunhão, é o ser humano. Somente a humanidade foi criatura à “imagem e semelhança de Deus”.
Devemos aprender a falar a mesma língua de Deus, que é o amor. Na oração nos sentimos amados e amamos, somos acolhidos e acolhemos.
Na nossa busca de Deus devemos nos aproximar sempre da Palavra do Senhor e acolhê-la no mistério da fé.
OS OUTROS. A oração não é um diálogo solitário, deslocado da vida; mesmo quando rezamos sozinhos ou em lugares solitários, a nossa oração é sempre comunitária, exatamente porque somos habitados pela Trindade Santa. Mas o nosso relacionamento Deus-eu se alarga, imergindo-nos na realidade de que somos chamados à comunhão de amor com os outros; neles podemos contemplar a cada instante a imagem de Deus. Se não sabemos ver a imagem de Deus nos outros, como podemos vê-la em nós?
É fascinante saber que na oração não estamos sozinhos, mas estamos em comunhão com a Igreja, com a família e com a comunidade. Quem reza vence toda solidão e sente-se parte viva do outro. A oração harmoniza o nosso ser nos seus vários níveis: humano, psicológico e espiritual. Somente na oração podemos vencer e superar as fraturas que, ao longo da vida, sofremos. O amor cura e re-pacifica a cada um de nós.
Alguns meios para rezar melhor
a- A Palavra de Deus. Ler e reler textos bíblicos que falem forte ao nosso coração até decorá-los, para que se tornem nosso alimento e dele possamos nos saciar à vontade;
b- A natureza. Precisamos nos dar tempo para parar e contemplar as flores que nascem sozinhas à beira da estrada, ou escutar a voz de um riacho que canta o seu louvor ao Senhor, ou uma estrela no céu… Aprendermos a ser contemplativos…
c- Não se importe em como os outros rezam, encontre a sua maneira para rezar. A leitura da “História de uma Alma”, de Santa Teresinha, sem dúvida pode ajudar muito a descobrir “o seu jeito de rezar”.
d. A Eucaristia. Aprenda a amar mais e mais o mistério da Eucaristia. Sempre participe da missa, se estiver preparado comungue, e depois da comunhão fale face a face com o Cristo recebido.
e. O terço. Este é o ano do rosário, que o Papa João Paulo II tem apresentado como meio de oração contemplativa, que todos podem alcançar. Todos temos capacidade de rezar o terço, é a oração dos que amam.
f. Rezar com as imagens. Quando as coisas não andam como quero, costumo segurar o crucifixo e olhar para Jesus crucificado, então meu coração mergulha no silêncio e decifra “as cruzes da vida”. Quando estou alegre, gosto de contemplar imagens bonitas, ícones de nossa Senhora e dos Santos…
g. Rezar com os gestos. Se você sente a necessidade de se ajoelhar, se ajoelhe; se percebe que o desejo é de esconder o seu rosto entre as mãos, faça-o. Todo gesto revela o que se passa dentro de nós. Cante, reze, silencie…
h. A oração acontece, sem dúvida, dentro do nosso coração. É no quarto interior, no castelo, na adega, como dizem os místicos, que acontece o encontro de amor entre nós e Deus. Por isso, a oração exige uma grande interiorização. Interiorização quer dizer assimilar a Palavra, comê-la para que ela se transforme em vida e seja nossa força para todos os momentos da nossa caminhada. Interiorizar é assimilar e guardar a Palavra para que, em momentos difíceis, ela possa ser lembrada e se torne novamente força para nós.
Partir com Deus para a vida
Depois de ter conversado com Deus, de ter lido a sua Palavra, ter refletido, meditado, assimilado, interiorizado, não nos resta outra coisa senão retomar as atividades de cada dia, com coração novo, olhos diferentes, capazes, e com uma vontade grande de transformar o mundo em que vivemos. De não nos deixar contaminar pelo mundo, de não permitir que o mal nos prenda e nos torne seus escravos.
O orante não é diferente dos outros… veste-se como os outros, come o que os outros comem, vai a todos os lugares e trabalha como os outros, mas suas atitudes são atitudes novas, de alguém que assimilou e decidiu ser de Cristo. Luta contra os pecados da carne.
Rezar é viver com os olhos fixos em Deus. Aquele que reza, ou muda de vida ou deixa de rezar. Não podemos rezar e continuar numa vida na qual não haja a presença de Jesus. A oração nos transforma, nos faz criaturas novas. Cada um de nós sabe que a oração nos obriga a mudar.
Autor: Frei Patrício Sciadini, ocdFonte: Site Comunidade Shalom
Níveis de Oração
Poderíamos classificar as orações em três níveis diferentes: Deus, nós e os outros. Dentro de cada um desses níveis há diversos tipos de oração:
1 - Deus como centro das nossas orações
Há orações que são dirigidas a Deus, visando Deus mesmo, o que Ele é, o que Ele faz e o que Ele nos tem feito. Outra coisa não buscamos, senão apresentar-Lhe nossa gratidão, louvor e adoração. Dentro deste nível temos três tipos de oração:
1º - Ações de Graça - A expressão do nosso reconhecimento e gratidão a Deus pelo que Ele nos tem feito. Basicamente é a oração que expressa gratidão a Deus pelas bênçãos que Ele tem derramado sobre nós.
2º - Louvor - A oração de louvor é um passo além das ações de graça. São expressões de louvor a Deus pelo que Ele faz. Louvar é reunir todos os feitos de Deus e expressá-los em palavras, numa atitude de exaltação e glorificação ao Seu Nome, que é digno de ser louvado.
3º - Adoração - O tipo de oração que exalta a Deus pelo que Ele é. É a entrada no Santo dos Santos para responder ao amor do Pai. Ali nada fala do homem, mas dEle. É o reconhecimento do que Ele é. É a resposta do nosso amor ao amor Divino.
2 - Nós mesmos como o centro das orações
Aqui vamos a Deus para apresentar necessidades pessoais. Embora falando com Deus, o foco da atenção é a satisfação de nossas necessidades. Vamos a Deus em busca de uma resposta para a alteração de alguma circunstância em nossa vida. Nesse nível temos também três tipos de oração:
1º - Petição - É "um pedido formal a um poder maior". É a apresentação a Deus de um pedido, visando satisfazer uma necessidade pessoal, tendo como base uma promessa de Deus. Nesse tipo de oração já temos o conhecimento de qual é a Sua vontade, pelo que o pedido será feito em fé, com a certeza da resposta, antes mesmo da sua manifestação, de acordo com Marcos 11:24.
2º - Consagração ou Dedicação - É uma atitude de submissão à vontade de Deus. Essa oração é para as ocasiões em que a vontade de Deus é desconhecida. Exige espera, consagração e inteira disposição de conhecer e seguir a vontade do Pai.
3º - Entrega - É a transferência de um cuidado ou inquietação para Deus. É lançar o cuidado sobre o Senhor, com um conseqüente descanso. Essa oração é feita quando um cuidado, um problema ou inquietação nos bate à porta.
3 - Os outros como centro das nossas orações
Aqui vamos a Deus como sacerdotes, como intercessores, levando a necessidade de outra pessoa. Nosso motivo primeiro é ver as circunstâncias alteradas na vida de outrem. Esta é a oração de intercessão. Interceder é colocar-se no lugar de outro e pleitear a sua causa.
Oramos em linha com o coração do Pai, é uma arma poderosa contra as forças das trevas.